Depois de duas semanas atribuladas, uma na viagem e outra muito atarefada, é hora de rescaldo!
Que conclusões tiramos desta viagem…? Primeiro que tudo, foi muito quente, inicialmente não contávamos com tanto calor, com uma média de 35ºC! Paralelamente, foi a primeira viagem mais longa e com mais dias seguidos de mota, todos com pendura e completamente carregados. O cansaço, como é óbvio, foi-se instalando em conjunto com a adrenalina da viagem pelo que a “pausa técnica” a meio (em Torremolinos) foi crucial.
Mesmo nos dias em que fazíamos pouca distância, andávamos muito tempo de mota, em velocidade lenta de cruzeiro, a apreciar as vistas, o que nestas temperaturas moi bastante. A viagem correu conforme plano, com paragens e distâncias apropriadas ao cansaço e aos dias em si, todos os dias chegámos (um pouco atrasados) ao destino e visitámos a cidade, cansados mas livres de equipamentos e malas pesadas. Acordámos ás 08:00h e despachámo-nos até sairmos com novo rumo. O dia que custou mais foi o último de Mértola rumo a Lisboa, mesmo depois de algum descanso, era o dia mais quente e já só queríamos chegar a casa, mas não sem uma paragem em Vendas-Novas! 🙂
Passámos por estradas fantásticas, vimos cidades muito bonitas, comemos e bebemos bastante, “tapear” é um vício. A “caravana” ganhou mais uma mota a meio, e na melhor altura, pois foi quando seguimos para Ronda (a A-397 vale mesmo muito a pena fazer de mota) embrenhamo-nos por estradas esquisitas em Ronda para conseguir uma foto (em modo aventura com peso a mais e atrito a menos), ficámos sem sitio onde dormir à última da hora em Jerez, arranjámos um amigo novo ao jantar que nos presenteou com recordações líquidas. 🙂
Foi uma semana muito bem passada, em boa companhia e com algumas aventuras, passear e comer quilómetros e a única coisa que falta é a próxima!
Deixo agora os meus apontamentos quanto ao que utilizei na viagem, em género de “Review”:
V-Strom 650 XT:
A mota portou-se lindamente. Não se queixou de nada e parece uma mula de carga, nota-se como é óbvio o peso, mas não tanto como seria de esperar tendo em conta que mais do que dobrou o valor (a mota pesa 215kg WET, sem extras). Teve um problema técnico no descanso central a meio da viagem, mas porque num desnível (elevação) num acesso, o mesmo embateu no chão e partiu a mola pequena. Fez o resto da viagem amarrado 🙂
Ainda teve direito a algum offroad leve em Mértola!
- Problemas: Zero
- KM: 1922 na viagem (6700 total)
- Consumo: 4.6L/100
- Carga: 220kg – Condutor + Pendura + Equipamento + Malas cheias
- Conforto: Excelente
- Potência: Suficiente
- Menos bom: Altura ao solo carregada
Equipamento:
Clover Ventouring 2 (Casaco + Calças – 3 estações) + luvas Raptor 2 (verão):
Conjunto óptimo para primavera/verão/outono, aprovados com 5*. Realmente frescos em temperaturas elevadas (há certas temperaturas que a única coisa que safa é uma sombra e gelo, e eu sou uma pessoa de muito calor), fizeram o seu trabalho lindamente, com excelente qualidade de construção e materiais. É o meu equipamento diário, com excepção ás calças que não são práticas para o trabalho. Para qualquer temperatura mais fresca o forro térmico/impermeável faz o seu trabalho vestindo por dentro, vestindo por fora caso chova, ou à noite vestindo para ir ao café.
Falco Volt 2 ADV (botas): Excelentes, salvaram-me o pé direito em Mértola (andou às 3 tabelas), mas MUITO quentes, mesmo sendo a versão mais curta das Mixto, mais dedicadas a moto 4. São demasiado para turismo de verão a 35ºC, foram usadas na viagem…porque são as únicas que tenho, mas ainda assim não desiludiram 🙂
HJC RPHA 10 PLUS: É um capacete de pista, não de turismo. Como tal os pontos fortes são o peso pluma e a aerodinâmica com a cabeça baixa, e nisso é mesmo muito bom. Este capacete foi-me oferecido (mas escolhido por mim, mediante o preço bombástico) mas ainda assim portou-se lindamente, de viseira fumada intermédia, leve sem causar cansaço, “fresco” devido aos materiais premium utilizados e insonorizado quanto-baste, nunca será muito visto eu não usar a cortina de queixo. Está aprovado, mas não é o ideal para turismo. (seria mais o RPHA ST)
Navegação:
Tomtom Rider 410 (premium pack):
Para quem conduz uma mota de aventura, ou turismo de aventura, ou que pelo menos goste de sujar a mota de vez em quando, a fama cai nos Garmin Zumo. Mas cai nos Garmin pelas capacidades Offroad que o Tomtom (ainda) não tem. O uso que pretendo do GPS é 90% estrada, e em estrada o Tomtom brilha. Neste primeiro teste a sério:
- Informou 100% dos radares, com precisão ao metro.
- Estava correcto em 90% das velocidades permitidas face à sinalização, sendo o restante zonas com alguma particularidade para um velocidade diferente.
- Informou correctamente sobre trânsito, horas de chegada, demoras e estradas em obras.
- A pesquisa é excelente aliada à internet partilhada pelo telemóvel via BT, ainda diferente mas já mais ao estilo google, sem necessidade da morada escrita completamente correcta letra a letra pela ordem certa (o que é muito irritante num GPS).
- Nos menus, manuseia-se como um telemóvel
- As informações no ecrã são realmente úteis, na barra lateral (distâncias para bombas de gasolina ao longo do trajecto, radares e outro pontos de interesse)
- Tem a possibilidade de atender e fazer chamadas, o que optei por não usar visto o meu intercom made in China (CHINAcom 😀) se baralhar onde se liga primeiro e onde faz chamadas (telemóvel ou Tomtom, optei por intercom apenas no telemóvel, o efeito é o mesmo, e share de internet apenas para o Tomtom)
Sendo a versão premium pack trás alguns bónus, como o kit anti-roubo, as “greatest rides” pré-gravadas além dos mapas mundo, trânsito e radares vitalícios e conta claro, sendo um GPS para mota, com resistência aos elementos e facilidade de utilizar com luvas.
Fizemos alguns testes de navegação do mesmo local para o mesmo destino, face à navegação do google maps, nas duas V-Strom. A navegação do google indicava caminhos completamente opostos por vezes, chegando a encaminhar-nos para dois sentidos proibídos. O Rider venceu, aos pontos, com mapas muito actualizados e sem falhas.
De menos bom, assim de caras, tem a falta de se poder definir um código pin de modo a ninguém poder brincar com o GPS quando fica trancado na mota (em paragens rápidas), a velocidade de inicialização é lenta (se bem que, daí para a frente fica sempre em stand-by, e com o KIT montado na mota, ao encaixar está sempre carregado), falta-lhe também a facilidade offroad do Garmin Zumo, para quem lhe dê um uso substancial. Embora se manuseie facilmente com luvas, alguns botões podiam ter o tamanho aumentado, mas nada preocupante. O MyDrive tem MUITO potencial, e o sincronismo com o Rider é instantâneo, mas ainda tem muito que evoluir, de qualquer forma, importa facilmente ficheiros GPX.
Estou muitíssimo satisfeito com o tomtom.
E fica por aqui o rescaldo!! Até à próxima viagem de mota…ou não!
Não te conhecia a veia jornalista, mas fiquei com a imagem da vossa viagem e com vontade de fazer uma versão mini. Boas curvas